Eu tenho uma mania: a de me apaixonar, por tudo que a vida me oferece. Vivo procurando motivos para que o ENCANTO nunca termine!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O ministério do bom senso adverte: não seja mais um clichê

 Demoramos para construir uma identidade própria. Um estilo músical com nosso DNA, um jeito de se vestir peculiar, porém nosso. Até mesmo nas frases que falamos, quando muito repetidas, se tornam marca própria, de tão originais. Tentamos, de qualquer modo, sermos diferentes num mundo onde cada vez mais assistimos os indivíduos serem todos iguais. Não sei vocês, mas eu tento. Detesto música de rádio, que todo mundo acaba sabendo a letra de cor de tanto que escuta. Mal uso calça jeans e tênis, adoro peças de roupa garimpadas a dedo para que poucas pessoas tenham igual - e com as combinações que invento, me surpreendo quando aparece alguém parecido comigo. Meu medo de arriscar é pequeno; meu bom senso, nem sempre bem aproveitado. A verdade é que adoro inovações, o diferente me fascina. E quando gente que tem a maior vocação do clichê começa a banalizar os jeitos, as vestes, os ditos, as poses alheias e diferenciais a raiva que nasce aqui é grande. É tão intrínseca a essência de pessoas assim, indescobertas de si mesmas, para que o outro seja um exemplo tão grande a ponto de querer captar o brilho, a modernidade, ímpar sem notar que, ser par é ser apenas uma imitação barata?

Nossas vivências, sempre tão diferentes. Nossa experiência, nunca igualada às demais. Nossos gostos secretos, quando revelados ou causam identificação, ou adoração, ou até mesmo repulsa. O problema se dá em notar a falsidade de quem finge que gosta, para parecer bacana. Sinto ciúme daquilo que sei que soa muito melhor nos meus ouvidos, cai mil vezes melhor no meu corpo, sai com muito mais naturalidade no som da minha voz. Se há a chance de sermos únicos, por que a insistência em nos transformarmos e alienarmos em robôs de elite, pré-fabricados e idênticos à todos esses que rondam as cidades, almoçam em bando, saem do trabalho às 18 horas em seus carros populares? Incompreendo. Devemos buscar a cultura de algum modo para, abrangentes em conhecimento, possamos escolher um modo de causar (ou ser) a diferença.
Para sermos uma lembrança excepcional nas mentes de quem passa por nós e nem sempre fica, autencidade em primeiro lugar. Parar de fugir de si mesmo, largar mão de almejar subir ao pódio da adoração que a sociedade impõe aos diversos clichês, quase personagens, do cotidiano. Daí que quando paramos um pouquinho nossa frenética rotina, pedacinhos da gente se estilhaçam ao redor, como se fosse normal copiar quem cria, plagiar quem escreve e reproduzir quem não se é pelos cantos do mundo.

Preservar o lado excêntrico, a loucura dos detalhes de cada um é lei. Interferir na norma de outros indíviduos que construíram a própria personalidade, grave infração. Que se busque o sonho mais particular, desejos absolutos, minuciosidades inconfundíveis. Esqueça a ordem natural das coisas, dê um basta naquilo que parece mesmo, mas na verdade não é nada. Se permita as estranhezas que também apaixonam, as manias que nos fazem nunca mais esquecer. A mesmice quadrada que vemos por aí enjoa, só de olhar; cair na trama de participar dessa existência singular como coadjuvante, um modo de sobreviver? Cada um de nós nasce original de fábrica. Morrer como mais uma cópia, pra que?

Camila Paier

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