Eu tenho uma mania: a de me apaixonar, por tudo que a vida me oferece. Vivo procurando motivos para que o ENCANTO nunca termine!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Caminhava pela rua lutando contra minha vontade imensa de fazer as malas e desaparecer entre a imensidão de pessoas na rodoviãria mais próxima. Gosto de pensar que, assim como eu, elas também estariam fugindo, da vida, do passado, da obrigatoriedade em crescer. Vidas tão diferentes, unidas pelo medo do que virá quando apitar os sinos do trem e chegarmos, perdidos e sozinhos, naquele lugar novo e limpo. Um livro vazio, esperando ser preenchido por páginas e mais páginas de histórias felizes, estranhas, irreverentes e tristes - porque ninguém chega ao que interessa sem uma boa dose de insônia. Aquele casal de velhinhos pode estar visitando seus filhos que não viam há muito, muito tempo, com o olhar carregado de saudade e nostalgia enquanto se lembram como o tempo passou voando com as flores na primavera. Ou aqueles jovens recém formados poderiam finalmente estar se livrando das correntes e tentando uma vida nova no lugar que eles sempre sonharam viver, sentindo uma mistura de medo com uma ânsia de captar cada detalhe. E aquela criança, tão confusa e ao mesmo tempo empolgada por conhecer um lugar diferente. Deliciada com o novo cenário repleto de tipos sérios e engraçados que passavam sem notar sua presença. Pensei que, talvez, a felicidade fosse como uma criança, enxergando tudo como uma grande aventura, esperando a primeira oportunidade para se divertir. Bem no centro da estação, segurando a bagagem - que, de tão pesada, estava prestes à desabar no chão de mármore -, estaria eu, com todos aqueles sentimentos misturados. Sentia saudade de momentos que passei, depois ansiava começar logo aquilo que tanto queria fazer mas ainda não sabia bem o que era, e logo após queria sair correndo aos gritos, voltar para o ponto de partida. Quantas histórias existem em uma estação de trem?, perguntei-me enquanto voltava para o mundo real, onde estava no meio da calçada olhando para um lugar além de tudo o que outros poderiam ver. Todos os meus sentimentos já passaram por todas as poltronas e quiches, em cada pessoa que ali sentou o u passou ao decorrer dos anos. Algumas quiseram desistir. Outras apenas liam despreocupadamente o jornal enquanto tomavam café, fingindo que não haveriam problemas para causar indigestão assim que pisassem dentro de casa. Mas no fim da viagem, todas as pessoas ficavam tranquilas, como se lágrimas não existissem, deixando para aquela pobre máquina todos os problemas do mundo. Era isso, afinal. Deixar o passado e viver o futuro. Assim como os outros, deixei tudo numa bagagem deixada nos achados e perdidos. Sorri para a noite que trazia ao céu o brilho das estrelas, e continuei a caminhar. Agora, sem o grande peso da bagagem.

adptado , boa noite cinderela!

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