Eu tenho uma mania: a de me apaixonar, por tudo que a vida me oferece. Vivo procurando motivos para que o ENCANTO nunca termine!

domingo, 1 de junho de 2014

Mãos ao alto! Isto é um abraço!





      É um desejo, quase um cansaço. Mãos ao alto! Isto é um amor escondido, um carinho perdido, uma promessa de estrelas. Prepare-se logo para novos assaltos, iluminados como jamais viu. Invasões nas quais trocam-se armas por flores, gritos por sussurros, defesas por clamores.
     Novas aventuras se aproximam. Nesse mundo de pedras e podres, alguém prega novos momentos e encontros brandos, assinalados um a um, no livro branco da paz. A imundície foi posta a nocaute. O perjúrio, enjaulado. A roubalheira diária trancafiada nos cofres de uma ética que se supõe quase possível.
A algazarra dos sujeitos sujos em suas gravatas de serpentes de seda envenenada, foi atirada aos leões do coliseu contemporâneo, onde digladiam-se causas nobres e justas.
   
     Mãos ao alto. Os ratos, morcegos e baratas recobertos na pele cinzenta de monstruosos políticos receberão os primeiros raios de sol de uma alvorada inaudita. Não há como escapar ao vaticínio. Muitos fugirão para as sombras. Outros cavarão abrigos em terrenos desérticos. Outros ainda se aninharão na intimidade dos cactos — pois estes espinhosos contatos são os únicos destinados a quem urde baixezas atitudinais em sua parca e estiolada existência. Mãos ao alto, Brasil! Já tão murcho pelo débil anúncio de pálidas desesperanças. Há futuros, não definhe! As crianças e os jovens prosseguem rindo à toa. Garantem bonanças, brincando de roda por detrás de suas euforias rosadas. Há mudanças neste ar, até então poluído de amarguras e desalentos. Reparem só.
   Há pássaros fortes e altaneiros, águias reais, condores suntuosos adejando surpresas nesta terra de horrores, já desbotada, em seu verde amarelo. Cores assustadas, tão esgarçadas quanto a primeira bandeira cerzida nos séculos dos velhos imperadores por uma sinhazinha modesta.

      Mãos ao alto! Joguem ao chão defesas, ressentimentos, maledicências. Rejeitem desconfianças de toda a ordem. O amor existe e insiste em lhe entregar uma flor. Não cerre os olhos. Não vire a cabeça no exato instante em que caminhos férteis se delineiam devagar pelas mãos da natureza em sua mais tenra infância.
Abrace a coragem de ostentar brilho nos olhos. O sorriso no rosto nu de certezas, nas mãos vazias de crenças, que teimam, entretanto, se manter estendidas.
     Os lábios estão molhados à cata de paixões. O ar se cobre de um desfile de gerânios, jasmins, girassóis, reivindicando no horizonte perfumes esquecidos nos secos marcadores de livros. As flores do pântano se acanham. Àquelas do sereno, se encolhem.

    Mãos ao alto! Porque a primavera ergue seu reinado de sementes, brotos de vida verde, devassando fendas de desusados terrenos. Colheitas, aos poucos, se anunciam.
Preste atenção. Os corações agora saltaram para as mãos e correm ávidos pelos bairros, acordam a vizinhança, assaltam casas tranquilas, tocam acordeão em bando, despertam princesas sonolentas e príncipes apáticos.
    Este é o novo amor que se configura escaldante. Vermelho-fumegante como tomates frescos, mesclados a uma sopa que revigora e alegra quem a bebe.

   Mãos ao alto! Estão de volta os doces e bárbaros sonhos, as amazonas selvagens, os deuses da escuridão, dispostos a guerrear contra a inocência perdida e as leis defloradas por seres do mal. O código da vida é insone. Ouvem-se gritos pagãos de quem não teme a morte nem as noites sem lua.
    Mãos ao alto! Isto é um abraço. Então venha. Me abrace, me aperte, rasgue a minha pele e a sua. Me morda e se entranhe neste amor ladrão. A emoção bandida que nos inunda de quaisquer demandas e vícios do corpo. É um afeto prisioneiro envolto em carícias e cárceres.

    Creia. Este amor, dentro ou fora das grades, é o maior amor do mundo. Por isso não perca tempo. Livre-se dos medos avulsos e prenda-se aos seus mais belos afetos. Mas faça isso logo. Antes que chegue algum ladrão sorrateiro.



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