
Agora ela era a pessoa que acorda cedo, dorme tarde, come errado .
A pessoa que caminha no meio das outras e não enxerga nada porque não tem tempo, porque tem muita pressa e muito cansaço, porque tem muita fome mas não de comida . As pessoas passam a vida inteira tendo medo de morrer, tendo medo de amar e guardando dentro de si tudo o que de ruim acontece pra poder depois então se culparem por não terem sido felizes . A dor dela era tão confusa que não adiantava tentar explicar . Suas grandes emoções se mostravam em palavras pequenas . Ela tinha medo de tudo dar errado, tinha medo de o mundo separar o que o destino fingiou ser certo, tinha medo de pela quantidade de medo que ela sentia, ele simplesmente não achar que valesse mais à pena .
E depois da briga, a cada toque que o telefone dava, sem resposta, era como se o coração dela fosse ficando menor, comprimido, amassando em um espaço curto todas as sensações que ela carregava ali pra viver durante uma vida toda . E era tão injusto com ela tudo se compactar tanto . Mas ele também sentia . Sentia culpa porque não foi do jeito que planejaram, sentia vontade de resolver o que não estava ao alcance de suas mãos, sentia falta de um poder sobre sua própria vida que, agora, ele parecia ter perdido . E quando o seu telefone tocava ele não queria atender porque ele sabia que dali viria o choro e, pra ele, era muito insuportável ouvir a única pessoa o fazia se sentir vivo morrendo .
(Rani)
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